Queridos visitantes, esperamos que
vocês tenham apreciado o trabalho final do “Geografando!”, o qual envolveu
múltiplas pesquisas e debates acerca de diferentes dados, algumas vezes conflitantes,
a respeito dos desdobramentos advindos de nossa viagem de campo à Região dos
Lagos. Além disso, muitas também foram as discussões que nos fizeram crescer
como turma. Por isso, deixamos a seu encargo completar essa missão, que,
certamente, será proveitosa e bastante positiva, a fim de adentrar nas
profundezas dos mares gelados de Arraial do Cabo e Búzios e sentir na pele o
gosto do conhecimento.
Geografando!
21 de novembro de 2012
Clima das cidades visitadas na Região dos Lagos
Arraial
do Cabo tem o clima quente e úmido, com temperaturas variando entre 17ºC e 23ºC.
O mar de Arraial tem uma temperatura média de 12ºC a 26ºC provocada pelo
fenômeno da Ressurgência, o qual é responsável pela grande diversidade de
espécies marinhas.
A temperatura média anual de
Búzios é de 25ºC. No verão, o clima é quente e úmido, atingindo a temperatura
máxima de 29ºC, sendo comum a ocorrência de chuvas de verão. No inverno a
temperatura varia entre 12ºC e 19ºC. De abril a setembro a probabilidade de
chuva é muito alta, mas entre novembro e março reduz-se.
Dessa forma, pode-se perceber que
ambas as cidades apresentam climas bastante semelhantes, pois estão muito
próximas uma da outra. Isso faz com que o clima não tenda a se diferir
bruscamente.
14 de maio de 2012
Himalaia brasileiro
Há cerca de 520 milhões de anos, no período
Cambriano, a região de Armação dos Búzios fazia parte de uma cadeia montanhosa,
semelhante à do Himalaia, e por isso, ficou conhecida como “Himalaia
Brasileiro”.
Por meio dos princípios da deriva
continental, crê-se que um dia os continentes foram reunidos num único bloco
denominado Pangeia. Este se fragmentou
em Godwana, que hoje corresponde a maior parte do hemisfério sul, e Laurásia,
correspondente ao hemisfério norte, até atingir a configuração atual.
Já no período Cretáceo, o megacontinente
começou a se cindir, devido às correntes de convecção. Por meio
dessas fissuras, o material em fusão começou a emergir continuamente, formando
uma enorme cadeia montanhosa, semelhante ao Himalaia.
Esse “Himalaia”, por sua vez, também começou
a se separar, dando origem ao Oceânico Atlântico, bem como os continentes
africano e americano. Armação de Búzios
preservou rochas e minerais metamórficos, que são evidências da formação dessa
região montanhosa conhecida como “Himalaia Brasileiro”, prova disso são as
Ponta da Lagoinha e a Ponta do Marisco, em Geribá..
Referências bibliográficas
13 de maio de 2012
Praia de Geribá
A praia de Geribá localizada em Búzios/RJ
é muito importante para estudos relacionados à deriva dos continentes. Há
520 milhões de anos ocorreu uma colisão entre a América do Sul, África,
Antártida, Austrália e Índia, formando assim o paleocontinente Gondwana, que
após uma série de fragmentações originou os continentes atuais e o Oceano
Atlântico.
Em busca da explicação para esse fenômeno, Alfred Wegener, criador da teoria da Deriva dos Continentes*, utilizou-se das semelhanças entre os contornos africanos e americanos. Para ele, as "bordas" da parte oeste da África e da costa leste da América do Sul se encaixam como peças de quebra-cabeças.
No entanto, o motivo da causa dessa separação
continental só foi descoberto na década de 60. Isso porque, houve-se a
necessidade de estudar o fundo do mar para que pudessem utilizar submarinos,
visto que o mundo estava no auge da 2º guerra mundial.
Nesse período, alguns cientistas descobriram
que a crosta oceânica é muito mais jovem quando comparada à crosta continental.
Isso ocorre porque na crosta oceânica, ao longo das cordilheiras submarinas,
abrem-se fendas, por onde passa o magma, que, após se resfriar, forma uma nova
crosta, provocando a expansão do fundo do mar. Tal ocorrência sugere que os continentes
estão, de fato, em constante movimento.
Hoje, a Ponta do Marisco, na praia de Geribá,
preserva, apesar dos processos erosivos, rochas e diques de basalto, que servem
como mais uma comprovação desse evento geológico.
*Teoria
da Deriva dos continentes: trata-se da crença de que um dia todos os continentes
estiveram reunidos formando um só (Pangéia).
Referências bibliográficas
12 de maio de 2012
Dique de Basalto
A crosta terrestre, isto é, a superfície da
Terra onde “pisamos” não é uma faixa contínua e, sim, constituída de vários
“pedaços”, denominados placas tectônicas. Estas se movimentam, e, como
consequência disso, surgem às falhas, por onde o magma soergue-se para “fechar”
tais fissuras. Ao entrar em contato com a litosfera, resfria-se formando
“cicatrizes” entre as rochas pré-existentes, constituindo, dessa forma, os
diques.
Portanto, diques são corpos de rochas magmáticas com forma tabular, isto é,
semelhante a uma tábua, e de limites bem definidos. A rocha onde o dique fica
alojado é chamada de encaixante ou hospedeira, que é do tipo metamórfica. Vale
salientar que o nome dique vem do fato de as rochas magmáticas estarem
contidas nas rochas pré-existentes, as quais são mais antigas, formando uma
espécie de barreira que as “encapsula”.
No caso de
Búzios, especialmente, o dique surgiu a partir da abertura do Oceano Atlântico,
quando o magma se infiltrou nas fraturas continentais. Esse
magma solidificou-se formando o basalto, que é uma rocha magmática extrusiva
rica em ferro e magnésio. Ele não apresenta cristais visíveis a olho nu, por
ter tido seu resfriamento fora da crosta e de forma muito rápida. Por outro
lado, verificam-se xenólitos, isto é, fragmentos de diversos tamanhos removidos
da rocha encaixante e incorporados pelo magma.
Segundo Antônio Guerra e Antonio José
Teixeira, “Do ponto de vista geológico, os diques podem, algumas vezes, servir
para datar a idade de certos terrenos. Economicamente, são muito procurados por
causa dos minerais que geralmente contêm”.
Além disso, os
diques da Ponta do Marisco, em Búzios, representam uma grande herança do período
cambriano, que nos permite compreender que a Terra está em constante processo
de modificação. Isso nos sugere que ela nem sempre foi como é atualmente, e
ainda serve como mais uma evidência da separação dos continentes e a formação
do Oceano Atlântico.
Referências
bibliográficas
GUERRA,
Antônio. Novo dicionário geológico-geomorfológico/ Antônio Teixeira Guerra e
Antonio José Teixeira Guerra. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.
http://www.dicionario.pro.br/dicionario/index.php/Xen%C3%B3lito
http://www.caminhosgeologicos.rj.gov.br/novo/PDF_A3/Buzios_Geriba.pdf
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0370-44672011000100003&script=sci_arttext
http://www.caminhosgeologicos.rj.gov.br/novo/PDF_A3/Buzios_Geriba.pdf
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0370-44672011000100003&script=sci_arttext
10 de maio de 2012
Ressurgência
O fenômeno oceanógrafo da ressurgência
ou afloramento é raro e ocorre em poucos pontos dos oceanos. Ele consiste na
subida de águas profundas, que, muitas vezes, carregam consigo nutrientes para
regiões menos profundas, similar a uma corrente de convecção, tendo, contudo, a
influência da pressão sobre ela.
O afloramento ocorre graças à união de
dois fatores: o vento e o movimento de rotação terrestre. O primeiro desloca as
águas de camada superficial, que são mais quentes, em direção ao oceano e isso
é ocasionada pela rotação da Terra. Este, por sua vez, devido às diferenças de
pressão hidrostática, provoca a ascensão de águas profundas, que são mais
frias.
Nessa elevação, são também carregados,
junto às águas, alguns nutrientes do fundo do mar, que, na ausência de luz, são
inertes. Na presença desta, entretanto, são utilizados pelas algas microscópicas,
as quais realizam a fotossíntese, aumentando, desta forma, o número de
produtores (primeiro nível da cadeia alimentar). Consequentemente, os demais
níveis, constituídos essencialmente de peixes, terão abundância alimentícia, e
também crescerão, proporcionando uma maior diversidade de espécies.
Essa diversidade contribui para a
pesca, a qual é uma importante atividade econômica da Região dos Lagos. Arraial
do Cabo, inclusive, é uma das poucas regiões em que podemos observar o fenômeno
da ressurgência. No mundo, as áreas mais importantes concentram-se nas costas
ocidentais dos continentes, tais como o largo da Mauritânia e da Namíbia, no
Oceano Atlântico, o largo da Califórnia, do Chile e do Peru, no Oceano
Pacífico.
No Brasil, especialmente, a
ressurgência é ocasionada pelos ventos do quadrante leste/nordeste (associados
à rotação terrestre), que carregam água quente da “Corrente do Brasil”. Essas
massas seguem do nordeste em direção ao sul do país e vão de encontro a
Corrente das Malvinas, a qual tem direção contrária.
No ponto de encontro entre ambas, as
águas frias oriundas do sul emergem à superfície sobrepondo-se à agua quente,
proveniente do nordeste. Dessa forma, ocorre o fenômeno de afloramento,
responsável por explicar as águas tão gélidas da região.
Em Cabo Frio, a principal região em
que ocorre esse evento oceanógrafo é a Praia do Focinho, na Ilha do Farol. Ele se estende por grande parte do litoral do
Rio de Janeiro, indo desde Macaé, ao norte, a Mariá, ao sul. Esses locais, por
sua vez, têm grande influência para a economia do estado, visto que, como
citado, esse fenômeno favorece a atividade pesqueira, que tem grande
importância.
A ressurgência é mais intensa no verão e, quando os ventos mudam de direção, com a chegada de frentes frias, ocorre o fenômeno contrário, a subsidência. Esta é provocada pelo retorno das massas de água fria para as Malvinas, bem como as de água quente para o nordeste.
Diante do exposto, verificamos a
grande importância desse evento para a geografia da cidade de Arraial do Cabo.
Ele define algumas das características físicas da região, as quais propiciam
uma maior diversidade de espécies animais e vegetais, favorecendo, desta forma,
o turismo e a pesca, que são os maiores responsáveis pela movimentação da
economia local.
Referências bibliográficas
9 de maio de 2012
Rochas na Ponta da Lagoinha
Em Búzios há um predomínio de rochas
metamórficas, isto é, aquelas que surgem a partir de uma rocha pré-existente
devido a um aumento de temperatura e/ou pressão. Essas rochas começaram a se
formar ainda no período cambriano, há cerca de 520 milhões de anos, quando
Búzios fazia parte de uma enorme cadeia de montanhas. Esse processo de
deposição e metamorfisação de sedimentos no fundo marinho durante este período
foi denominado Orogenia Búzios.
Armação dos Búzios contém, na sua recortada costa rochosa, diversos gnaisses e xistos que compõem a Sucessão Búzios, exclusiva dessa área. Os gnaisses são constituídos por várias camadas que se diferem na coloração, apresentando, predominantemente, os minerais quartzo e feldspato. Mais especificamente, os gnaisses dos tipos diopsídio-biotita, escuro por ser constituído de ferro, magnésio e cálcio, e cianita-granada podem ser observados em maior escala na Ponta da Lagoinha.
Os xistos, por sua vez, são
rochas que apresentam várias linhas paralelas de minerais de granulação mais
grossa que os gnaisses. Além dessas rochas, pode-se encontrar também uma rocha
verde-escura chamada anfibolito (composta por anfibólio - um mineral com ferro
e magnésio).
Ao longo da Ponta da Lagoinha,
verificam-se os costões rochosos que são agrupamentos de rochas cristalinas
próximas ao Mar, e por isso, estão sujeitas à ação das ondas e ventos. Desta
forma, constituem-se as falésias, matacões e os costões verdadeiros, que estão
intimamente relacionados com a abertura e formação do continente americano.
Referências bibliográficas
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